O amor não é uma corrida de 100m rasos.

Crescemos escutando fábulas e assistindo o amor encenado nas novelas. Sonhando com o amor “conto de fadas”. Romantizaram o amor e isso gerou uma série de frustrações na gente.

Disseram que o amor seria um sentimento que nos tomariam subitamente, nos pegariam distraídos e do qual não poderíamos nos esquivar. Que de repente ele traria sentido e motivação pros nossos dias e nos daria algo pelo que lutar.

Acontece que o amor real e maduro está muito distante desse ideal romântico. É um amor construído dia a dia; é uma escolha diária, pesando pros e contras (e tem muitos contras nessa estrada). É a desafiadora tarefa de encontrar equilíbrio entre fazer concessões e sustentar aquilo que é essencial pra não se perder de si.

O amor da vida real tem boleto para pagar, tem trabalho estressante para lidar e sonhos para perseguir.

Para amar de verdade tem que saber administrar suas próprias inseguranças e conseguir caminhar na linha tênue entre ser empático com a insegurança do outro e resistir aos abusos que surgem daí.

Amor é entrega. Envolve saber se mostrar para o outro e mostrar o que tem de bom em você, mas também em mostrar suas feridas, reconhecer seus defeitos e limitações. É, antes de tudo, respeitar os seus limites e desnudar as suas fragilidades. E tudo isso é doloroso.

O amor é uma escolha madura.

É trabalho em equipe.

É ter a consciência que um relacionamento é uma empresa que precisa do esforço mútuo dos dois sócios. É compreender a importância da responsabilidade afetiva e assume os seus 50% nessa sociedade, aceitando que não há culpa pessoal e exclusiva caso a empresa um dia chegue a falir.

Amor é coragem, também. É estar cansando, desgastado e mesmo inseguro com a trajetória, apostar no seu esforço e no esforço do outro.

Não é uma corrida de 100m rasos.

É uma maratona de km indefinidos.

E depois de algumas maratonas, a gente acaba aprendendo que a chegada não é o que verdadeiramente importa.

Que você não está atrasado, nem adiantado na vida de ninguém. Você está na hora certa.

Que você não compete. Você soma!

No final, sempre saímos ganhando. Seja experiência, autoconhecimento ou amor-próprio. Nem que seja para uma nova maratona.